sexta-feira, 6 de maio de 2011

Deputados evangélicos radicalizam contra união de homossexuais na Aleac

Sex, 06 de Maio de 2011
 
Parece que alguns deputados estaduais querem transformar a Casa Legislativa acreana num templo religioso. Os debates de ontem na Aleac giraram em torno da união civil entre homossexuais em aprovação pelo Supremo Tribunal Federal. Alguns parlamentares evangélicos inverteram o eixo alegando que os evangélicos que são discriminados. Questões morais e religiosas se sobrepujaram a quaisquer outros assuntos de relevância e de fórum adequado para a sociedade acreana.

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Quem começou a cruzada a favor da família cristã evangélica foi o deputado Astério Moreira (PRP). Num replay do seu discurso da sessão anterior, Astério considerou absurda a possibilidade de os casais homossexuais terem os mesmos direitos civis matrimoniais que os outros cidadãos e cidadãs brasileiras. Astério não escondia o temor de que a Justiça poderia obrigar as igrejas evangélicas a realizarem casamentos gays. Também que os pastores que costumam afirmar que a homossexualidade é pecado possam sofrer algum tipo de represália. Alegações que contrapõe a Lei analisada pelo STF de garantir apenas direitos civis aos casais do mesmo sexo.     

Entrevistado pelo jornal A GAZETA, Astério Moreira, enfatizou as suas posições. “Nós estamos orientados pela Frente Parlamentar em Defesa da Família e da Vida. Nas câmaras municipais e assembléias legislativas temos a mesma proposta de debater alguns pontos. Nos posicionamos contra o aborto e estamos nos mobilizando nas igrejas e pressionando os deputados federais em relação a PL 122, que trata da criminalização da homofobia. Nós evangélicos somos diretamente atingidos pela proposta porque nos coloca como homofóbicos quando não somos”, afirmou.

Apesar da afirmação, Astério Moreira não admite a união civil estável entre casais homossexuais. “Não sou a favor da união civil entre homossexuais porque já existe o contrato nesses casos. Sou contra por uma questão religiosa e espiritual. A Bíblia condena a relação entre pessoas do mesmo sexo. É um princípio bíblico. Parece contraditório, mas não é. Nós somos orientados a amar os homosse-xuais. Não se tem notícia no Acre de uma igreja que pratique a homofobia. Isso não denota preconceito porque não podemos ir além do que a Bíblia nos permite”, garantiu.

Indagado por que considera que o ponto de vista do movimento evangélico tem que predominar, Astério responde: “Não tem que predominar. O que acontece é que nós temos o direito de discordar e esse direito não é respeitado. Por que não podemos discordar? Na verdade estamos debatendo e em breve o senador Magno Malta (PR-ES) virá ao Acre para fomentar esse debate. Vamos organizar e discutir a questão”, ponderou.

Marileide Serafim condena preconceito contra evangélicosA deputada do PMN fez coro com as palavras do seu colega. Marileide Serafim chegou a citar na tribuna a tolerância dos seus pares de terem assistido aos cantos espirituais de um umbandista durante uma sessão solene da Aleac. “Me referi a religião umbandista como sendo do inimigo porque dizem na imprensa que os evangélicos têm preconceitos contra homossexual. Tenho amigos homossexuais e acredito no livre arbítrio e que cada um tenha as suas escolhas políticas, religiosas e sexuais. Quando a imprensa coloca que são os evangélicos que são contra deixa a gente melindrada.

 Também se ouve que nós evangélicos somos contra as religiões espíritas e isso não é verdade. Cada um tem a sua religiosidade e busca o seu Deus. Não vi nenhum evangélico que faça alguma coisa contra homossexual, mas não concordo com a unidade civil porque não é preciso estabelecer uma lei que poderá dar uma brecha para dizer que o pastor é obrigado a fazer o casamento. A gente vê isso na televisão. Espero que a Justiça não faça esse tipo de intervenção. Nós amamos a todos e temos respeito”, ressaltou.

Jamyl Asfury: “é preciso respeito pelos dois lados”Sempre ponderado, o deputado evangélico Jamyl Asfury (PSDB), preferiu contemporizar as explicações dos seus colegas. “Acredito que o assunto seja pertinente à Aleac desde que tenhamos o respeito às pessoas envolvidas no processo. À medida que se criam direitos às pessoas que estão reivindicando a união entre homossexuais a sensação é de que se tiram direitos de outras pessoas. O respeito religioso é importante. É preciso fazer esse debate desarmado e sem preconceito ainda que o que creio seja absoluto para mim, mas não pode ser absoluto para outras pessoas”, salientou.

Quanto a um posicionamento definitivo em relação à união dos homossexuais, Jamyl justificou: “na verdade existe um direito civil que não tem como se negar. Mas pessoalmente tenho concepções religiosas e não tenho respaldo bíblico para admitir isso. Respeito, mas não sou incentivador dessas ações. Mas cada um tem o direito de escolher e fazer as suas opções. Temos que respeitar os dois lados do debate”, ponderou.

 Edvaldo Souza defende direitos civis para todosSolicitado para analisar o debate no plenário sobre homossexualidade e religião, Edvaldo Souza (PSDC), destacou: “o Estado brasileiro é laico e a opção sexual é de cada pessoa. Acho que o Estado brasileiro existe para defender todas as pessoas sejam elas heterossexuais ou homossexuais. Por isso, os homossexuais devem ter os seus direitos civis garantidos pela Constituição Brasileira, não vejo nenhuma aberração jurídica em se tratando dessa questão. Mas acho que tem que haver respeito pelos evangélicos, pelos católicos, pelos umbandistas e por todas as matizes religiosas”, argumentou.

Quanto ao fórum adequado para o debate Edvaldo Souza ponderou: “é uma discussão interessante, mas não existe uma verdade absoluta. O bom senso deveria prevalecer. Respeito à posição dos demais parlamentares e cada um encaminha o seu mandato da melhor forma. O tema é de certa relevância porque está sendo a nível nacional. Porém acho que temos assuntos mais pertinentes em se tratando de Acre que a sociedade precisa saber. Há uma diferença muito pequena entre o céu e o inferno nessa história toda”, finalizou.

Fonte: A Gazeta

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