A Construmil, que chegou ao Acre durante
o governo do atual senador da República, Jorge Viana (PT), tem sede em
Goiânia e abriu um processo judicial em Goiás conhecido por “Recuperação
Judicial”
Marcos Alexandre, diretor-geral do Deracre/Foto: Wania Pinheiro
O
diretor-geral do Departamento de Estradas e Rodagem do Acre (Deracre),
Marcos Alexandre, concedeu entrevista a Agência ContilNet no início da
noite desta terça-,07, em seu gabinete, e admitiu que a construtora
Construmil está deixando o Acre com uma dívida de R$ 3 milhões com
fornecedores acreanos.
Alexandre confirmou que a empresa enfrenta problemas financeiros devido a
falta de pagamento por obras realizadas em outros estados, já que no
Acre somente na semana passada foram pagos quase R$ 9 milhões pelos
trechos de asfaltamento concluídos na BR-364.
Para evitar prejuízos na execução da rodovia e aos fornecedores, o
Governo do Estado acionou a Procuradoria Geral (PGE) para acompanhar o
caso.
“Queremos deixar claro que estamos em dias com a Construmil e estamos
tomando todas as medidas administrativas para garantir a continuidade
das obras daBR-364 e o pagamento das dívidas com fornecedores acreanos”,
disse ele.
Marcos Alexandre disse que o Governo do Acre só foi informado sobre a
situação da Construmil recentemente após uma reunião com o
superintendente da empresa e fornecedores acreanos.
No encontro, o Deracre teria deixado claro que pretendia priorizar o
pagamento dos comerciantes locais, mas isso não foi executado pela
construtora.
Na segunda-feira,06,Marcos Alexandre afirma ter entrado em contato com a
direção da Construmil em Goiânia para saber como ficará a situação dos
fornecedores, sendo solicitado uma semana de prazo por parte da empresa
já que está sendo feito um inventário das dívidas para que seus sócios
possam saná-las.
A Construmil, que chegou ao Acre durante o governo do atual senador da
República,Jorge Viana (PT), tem sede em Goiânia e abriu um processo
judicial em Goiás conhecido por “Recuperação Judicial” com o objetivo de
pagar as dívidas da empresa com empregados e fornecedores com base em
seu patrimônio.
Alguns empresários do município de Feijó chegaram a ser procurados por
gerentes da empresa para negociar pagamentos com parte do maquinário que
ainda se encontra no Acre. Dezenas de máquinas e caminhões se encontram
no município de Sena Madureira, num terreno do empresário Cildo
Freitas.
Máquinas da Construmil estão paradas em terreno de empresário, em Sena Madureira/Fotos: Edinaldo Gomes
“O Governo é solidário com os fornecedores acreanos”, diz Alexandre
O
diretor ressaltou que os empresários locais que ameaçam acionar a
justiça para receber seus pagamentos estão dentro de um direito que lhes
assiste e que o Deracre estará ao lado deles.
“É importante ressaltar que o governo é solidário com os fornecedores acreanos”, reafirmou.
Sobre a manutenção das
obras da BR, Marcos esclareceu que a obrigatoriedade não consta no
contrato da Construmil com o Governo do Acre.
“No contrato, a Construmil
tinha que dar manutenção em problemas causados durante a construção da
obra e não no de utilização da rodovia, ou seja, a obra foi entregue e a
empresa não é obrigada a fazer sua manutenção. Ela cumpriu com seu
contrato”, garantiu.
Na próxima semana haverá
uma nova reunião com representante da Construmil, Deracre e procuradores
do estado para dar continuidade ao processo de desligamento dos
negócios da empresa com o Acre.
Empresa Construmil fez a maior parte dos trechos da BR-364
No
site da empresa consta as obras em andamento no estado do Acre, citando
os trechos entre os municípios de Feijó e Tarauacá e ainda obras na
BR-364 na divisa Acre/Rondônia.
Empresário Narciso Mendes foi um dos principais denunciantes da Construmil
Denúncias, campanhas e contratos
A
construtora Construmil tornou-se nos últimos anos uma das principais
financiadoras das campanhas da Frente Popular do Acre (FPA), sendo
também alvo de investigações do Ministério Público Estadual (MPE) por
ter obtido descontos de impostos no valor de R$ 11 milhões considerados
suspeitos.
Ela ficou responsável pelo
Lote 06 da maior obra de pavimentação do estado, interligando o
município de Rio Branco a Cruzeiro do Sul, no Vale do Juruá, e foi uma
das empresas mais denunciadas durante os governos de Jorge Viana pelo
então oposicionista Narciso Mendes, proprietário da TV e Jornal O Rio
Branco, que responsabilizou os proprietários da construtora de manterem
“contratos criminosos” com o governo do Acre.
Fonte: ContilNet